terça-feira, 9 de novembro de 2010

TIPOS DE MÚSICAS

Música de Câmara
Esta expressão começou a ser empregada em meados do século XVII, quando pequenos grupos de músicos, chamados conjuntos, tocavam em câmaras, isto é, em salas particulares e não em igrejas ou lugares abertos em público; tocavam para seu próprio prazer e para os apreciadores da música. Atualmente, os conjuntos de música de câmara se apresentam em concertos para o público. O número de participantes pode variar de dois a 30 ou 40 participantes, mas a maioria tem de dois a seis músicos. Quartetos, quintetos e trios, compostos de instrumentos de cordas ou de sopro, são os conjuntos mais comuns de música de câmara. Existem composições feitas para conjunto instrumentais de cordas, madeiras e metais, que variam em número de 10 a 30 instrumentos. Este conjunto é chamado de orquestra de câmara.

Música Erudita
A música erudita (do , eruditu, que significa conhecimento, saber, sabedoria) é também mencionada como Música Clássica. Há várias controversas sobre a terminologia mais correcta , mas até hoje não se chegou a um consenso académico.
A divergência é que alguns musicólogos consideram que o termo "música clássica" deva ser reservado à música erudita produzida somente no período da história da música designado por Era Clássica ou Classicismo, que se estende de 1730 a 1809, caracterizado pela busca do equilíbrio das estruturas, da simetria das frases, da lógica dos desenvolvimentos articulados com a concisão do pensamento. Também há quem dê o nome de "música académica" pelo fato de ser rigidamente estudada e possuir regras minuciosamente matemáticas.
Outros acham que o termo "erudito" é inadequado, por julgarem que se refere a um tipo de música destinado a ser inacessível às massas, preferindo o uso do termo "clássico", pela mesma razão que se fala em "literatura clássica", sem levar em consideração o período em que foi escrita.

Música Folclórica
É o conjunto de canções tradicionais de um povo. Tratam de quase todos os tipos de atividades humanas e muitas destas canções expressam crenças religiosas ou políticas de um povo ou descrevem sua história. A melodia e a letra de uma canção folclórica podem sofrer modificações no decorrer de um tempo, pois normalmente passam de geração em geração. Os principais tipos de música folclórica são as canções para dançar, as lendárias e as canções de danças e jogos infantis.
As canções para dançar são provavelmente o tipo mais antigo de música folclórica. No início foram cantadas como acompanhamento para danças e o nome de seus compositores se perderam no tempo. Muitas ficaram associadas ao lugar de origem, como a gavota francesa, a mazurca e a polonesa, da Polónia e a tarantela da Itália.
As lendárias são geralmente de origem remota, têm carácter poético e expressam directamente o que se passa no sentimento do cantor. São exemplos disso as baladas inglesas da Idade Média e do Renascimento e os espirituais dos negros dos EUA.
As danças e jogos infantis são geralmente de origem europeia e no Brasil reduzem-se praticamente às danças de roda. Algumas são de criação nacional com influência das modinhas, como Nesta Rua tem um Bosque; outras têm influência africana como Sambalelê.

Música Sacra
É aquela música cujo assunto ou tema é de carácter religioso. É principalmente tocada nos serviços religiosos. Oratório, hinos e salmos são composições de música sacra.
Oratório: Composição musical em que participam solistas, coro e orquestra. O tema geralmente é tirado da Bíblia, sua execução dispensa cenários ou acção dramática. O nome dessa forma musical vem da Congregação Oratório, em Roma, onde de 1571 a 1594 eram realizadas apresentações de música sacra. A música ali executada foi base dos oratórios modernos.
Hino: é um cântico de louvor, invocação ou de adoração geralmente cantado durante cerimónias religiosas. São conhecidos desde o início da história e constituem uma das mais antigas formas assumidas pela poesia. Os hinos cristãos procedem de antigos cânticos religiosos dos hebreus. Existem também os hinos patrióticos, em que se homenageia a pátria.

LENDAS PARAENSES

LENDAS PARAENSES

Há uma serpente gigantesca, nos subterrâneos da cidade de Belém, atravessando um trecho que vai da Cidade Velha ao bairro de Nazaré e que, no momento em que se movimentar, fará toda a metrópole afundar nas águas que a cercam. Pelo menos essa é uma das inúmeras versões que correm, à boca pequena, pelas ruas de Belém e também no interior do Estado, quando se fala na Cobra Grande, lenda que povoa e enriquece o imaginário amazônico.

Dizem que, de tão enorme, a cabeça da serpente estaria alojada sob o altar-mor da Basílica de Nazaré e o final de sua cauda repousaria debaixo de outro ícone da fé paraense: a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Cidade Velha. Uma prova de que o imaginário popular é tão forte a ponto de fazer as pessoas acreditarem no sobrenatural, aconteceu em 1970, quando um abalo císmico afetou Belém e muita gente disse se tratar do tal animal gigantesco. O susto foi repetido décadas depois, em 2007. Em dezembro daquele ano, os mais supesticiosos não se deixaram levar pelas informações de que um terremoto de 7,3 graus na escala Richter, na região de Martinica, América Central, teria se estendido ao Pará e a mais três estados do Norte do país. Para eles, não havia dúvidas: foi a Cobra Grande que mexeu-se outra vez!

“Causo” ou realidade? Essa é mais uma das inúmeras lendas que você e todos nós, desde a infância, certamente já ouvimos por aí. Boto que vira homem, Mãe d’agua e Iara que encantam pescadores e os levam para as profundezas dos rios; o frenético Curupira, o ser de cabelos de fogo e pés com calcanhares voltados para a frente, além da Matinta Perêra, que vem à meia-noite bater às portas dos ribeirinhos para cobrar tabaco. Essas e outras estórias, contadas no Pará e no restante da Amazônia, são originárias dos indígenas e de outras lendas trazidas por portugueses e negros africanos. Elas fazem parte da nossa imaginação e, pelo flutuar dessa canoa, nunca vão desaparecer.

“Podemos dizer que as nossas lendas estão para a cultura do nosso povo, assim como as gregas estão para a cultura do povo grego”, arrisca dizer Walcyr Monteiro, professor de Antropologia, jornalista, escritor e autor de “Visagens e Assombrações de Belém”, entre tantas outras obras dedicadas ao folclore amazônico. Expert no assunto, dá até para imaginar que Walcyr, se não acreditar piamente nas estórias fantásticas que conta, certamente pode ser adepto do velho ditado, que diz: “- Eu não creio em bruxas, mas que elas existem, existem”. O escritor, por outro lado, prefere desconversar: “Não se trata de acreditar ou não acreditar. As lendas amazônicas estão presentes, queiramos ou não, no nosso dia-a-dia”.

Viajar pelo interior do Pará, ou mesmo prosear algumas horas com um ribeirinho, é sentir, “in loco”, o quanto as lendas amazônicas estão presentes na nossa cultura.

O pescador Sebastião Farias, 42 anos, conviveu com esses mitos da floresta desde a infância, passada na distante comunidade de Nascimento, no município de Chaves, na Ilha de Marajó. Ele jura, de pés juntos, e ninguém há de duvidar, que viu, há pouco mais de uma década, uma sereia quase encantar o seu companheiro de pesca, quando os dois viajavam numa embarcação pelo Rio Amazonas.

“O sol estava brilhante e as águas calmas. De repente ouvimos um canto estranho, mas muito bonito. Encostamos o barco próximo a um igarapé. O canto vinha detrás de uma gruta onde vimos uma linda mulher com rabo de peixe. Meu amigo ficou encantado e quase foi embora com ela para as águas. Tive que insistir muito para fazê-lo desistir. Quando voltamos para o rio, vimos a mesma sereia mergulhar nas águas com seu rabo de peixe e desaparecer. Fiquei apavorado com o que vi!”. ‘Cruz-credo’, tu duvidas?



Enredos fantásticos são explorados pelas artes

Com enredos fantásticos e inebriantes as lendas amazônicas não poderiam deixar de envolver os expectadores da sétima arte. No anos 80, o longa “Ele, o Boto” (1987), filme de Walter Lima Jr. com Carlos Alberto Riccelli no papel principal, tornou-se sucesso nacional e internacional, integrando a safra dos filmes que representaram o crescimento do cinema nacional, que àquela época aumentava o número de produções. No Pará, elas também invadiram as telonas através de “Lendas Amazônicas” (1998), dirigido por Moisés Magalhães e Ronaldo Passarinho. O longa-metragem narra lendas e mitos muito famosos na região Norte, como o “O Boto”, “Matinta Perêra”, “A Cobra Grande” e “Belém, Mitos e Mistérios”. Mais recentemente, o diretor Fernando Segtowick estreou o curta “Matinta” (2009), filmado na Ilha de Mosqueiro, com produção e atores paraenses no elenco, e destaque para nomes como Dira Paes, Adriano Barroso e Astrea Lucena.

Na música, basta uma rápida espiada na obra do grande maestro Waldemar Henrique: “Curupira”, “Foi Boto, Sinhá” e “Matinta Perêra”. A última, aliás, saiu dos dedilhados das teclas do piano do maestro-mor do Pará direto para os acordes dissonantes do rock´n´roll e da pop music. A composição também virou um dos maiores sucessos da banda paraense Mosaico de Ravena, nos anos 90, e da cantora Iva Rothe, no CD “Aluguel de Flores”, no princípio da década seguinte. Outros músicos e cantores paraenses, como Nilson Chaves, em “Amazônia”, e nacionais como Tom Jobim, no clássico “Águas de Março”, citaram mitos da Amazônia como a Cobra Grande e a própria Mantinta Perêra.

“As lendas amazônicas estão presentes no nosso cotidiano, em maior ou menor escala. Influenciam os nossos artistas das mais diversas áreas: escritores e poetas, pintores, escultores, artistas plásticos, cineastas. Na música, então, basta citar Waldemar Henrique, que tão bem soube cantá-las, contando com a participação do poeta Antonio Tavernard. E é bom que se diga que ultimamente tem influenciado os espetáculos de dança. Escolas de samba também tem utilizado temas lendários e os bois de Parintins, os botos do Sairé, de Alter do Chão, e o festival das Tribos, de Juruti, fazem seus espetáculos sempre baseados nas lendas amazônicas”, complementa Walcyr Monteiro.





Conheça algumas da lendas amazônicas:

Vitória-Régia

A lenda conta que às margens do Rio Amazonas, várias jovens e belas índias de uma tribo se reuniram para cantar e sonhar com futuros amores. Elas ficavam por longas horas admirando a beleza da lua branca e o mistério das estrelas, sonhando um dia, ser uma delas. Nesses momentos, a lua deitava e refletia sua luz intensa nas águas, fazendo a mais jovem das índias, Naiá, subir numa árvore alta para tentar tocá-la, mas sem êxito. Certa noite, Naiá deixou a aldeia esperando realizar o sonho de, finalmente, tocar a lua. Chegando à margem do rio, viu seu reflexo nas suas águas negras e não hesitou: mergulhou nas profundezas do rio e desapareu para sempre. A lua, então, sentiu pena da jovem e a transformou numa flor gigante - a Vitória-Régia - cujas pétalas se abrem nas águas para receber o brilho lunar.



O Boto

Nas noites de São João, quando as pessoas estão distraídas em celebração, o boto aparece transformado em um bonito e elegante rapaz vestido de branco, usando um chapéu para esconder parcialmente o rosto, pois sua transformação em humano não é completa. Suas narinas ficam no topo de sua cabeça, formado dois buracos. Sedutor, ele conquista e encanta a primeira jovem bonita que encontra pela frente e a leva para o fundo do rio. Durante essas festividades, quando um homem aparece usando um chapéu e roupas brancas, as pessoas pedem para que ele se retire do lugar. Afinal, pode ser o boto, sinhá.



Iara

A Iara é um dos mitos mais conhecidos da região amazônica. Trata-se de uma linda mulher morena, de cabelos negros e olhos castanhos, que exerce um grande fascínio sobre os homens. Aqueles que banham-se nos rios não conseguem resistir aos encantos da bela morena e acabam se atiram nas águas atrás dela. As vítimas nem sempre voltam vivas dos rios e as que sobrevivem voltam assombradas, falando em castelos, séquitos e cortes de encantados. É preciso muita reza e pajelança para quebrar o encantamento. Alguns descrevem Iara como tendo uma cintilante estrela na testa, que funciona como chamariz que atrai e hipnotiza os homens. Acredita-se também que ela tem cauda de peixe, outros dizem que usa apenas um vestido, ou uma espécie de saia. Em algumas regiões, Iara é também chamada de boto-fêmea.



Matinta Perêra

Segundo a lenda, toda a noite que um morador da floresta ouvir um estridente assobio, deve prometer tabaco à Matinta Perêra. No dia seguinte, uma velha aparece na residência onde a promessa foi feita, a fim de apanhar o fumo. A velha é uma pessoa do lugar que carrega a maldição de “virar” Matinta Perêra e, à noite, transformar- se nela para assombrar as pessoas. Dizem que a Matinta pode também apresentar-se em forma de um pássaro, muito conhecido como “rasga-mortalha”. Quando ela está para morrer, pergunta:” Quem quer? Quem quer?”. Se alguém responder “eu quero”, pensando em se tratar de alguma herança de dinheiro ou joias, recebe na verdade a sina de “virar” Matinta Perêra.



Cobra Grande

A versão mais popular nos estados da Amazônia diz que uma imensa cobra, também chamada Boiúna, cresce de forma desmensurada e ameaçadora, sendo obrigada a abandonar a floresta e a habitar a profundeza dos rios. Ao rastejar pela terra firme, os sulcos que deixa se transformam nos igarapés. A Cobra Grande também pode se transformar em embarcações ou em outros seres assustadores. Alguns contos indígenas dizem que em uma certa tribo da Amazônia, uma índia, grávida da Boiúna, deu à luz duas crianças gêmeas. Uma delas, Maria, era má e atacava os barcos, naufragando-os. O irrmão bonzinho era Cobra Norato, que sempre trabalhava para impedir as maldades da irmã. Há também a versão contada no Pará, na qual a Cobra Grande está adormecida nos subterrâneos dos bairros da Cidade Velha e Nazaré.



Curupira

Guardião das florestas e dos animais, Curupira é um menino de traços índigenas, cabelo de fogo e com os pés virados para trás. Dizem que possui o dom de ficar invisível para confudir os caçadores. Segundo a lenda, ele é protetor daqueles que sabem se relacionar bem com a natureza, utilizando-a apenas para a sobrevivência. Já aqueles que derrubam a mata sem necessidade e caçam indiscriminadamente os animais são inimigos de Curupira. Este, para se vingar transforma-se em caça. Ao atrair os caçadores para o meio da floresta, estes acabam perdendo a noção do rumo em que vieram e ficam dando voltas no mato, retornando sempre ao mesmo lugar.



Por que se orgulhar?

As Lendas presentes no Pará são estórias herdadas pelos antigos habitantes indígenas, colonos portugueses e escravos negros. Povoam nosso imaginário e influenciam nossa formação cultural e folclórica. As lendas indígenas, por exemplo, têm uma explicação para a origem dos astros e estrelas, dos fenômenos geográficos (montes, rios, lagos, etc.), dos animais, dos pássaros, dos peixes e dos vegetais. Representam, para nós, o mesmo que a mitologia grega para os gregos. Além disso, servem de inspiração para a música, a literatura e o cinema em obras que se tornaram marcantes no Brasil e no exterior.